Cérbero, o cão infernal retratado nas moedas antigas

Cérbero é uma das mais aterrorizantes criaturas da mitologia greco-romana. Era comumente descrito como um cão de 3 cabeças com cauda de serpente cujo trabalho era guardar os portões do inferno (Submundo). Seu ofício era não deixar ninguém sair de lá. Nem que para isso ele precisasse devorar os destemidos heróis que se aventuravam a desafiá-lo!

Confira tudo neste artigo completo. As moedas antigas ajudam a contar o mito.

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Saiba aqui tudo sobre Cérbero, o cão mitológico de 3 cabeças.

Quem era Cérbero na mitologia?

Também conhecido como “cão do inferno” ou “cão de Hades”, era uma criatura de várias cabeças caninas que guardava os portões do Submundo (Mundo Inferior de Hades).

Era responsável por permitir a entrada dos mortos (e impedir sua saída) e por garantir que aqueles que entrassem nunca retornassem ao mundo dos vivos! Para cumprir seu trabalho, ele ficava acorrentado às portas do reino de Hades (Plutão romano). Devorava qualquer mortal que se atrevesse a se aventurar por lá — ou qualquer um que ameaçasse a vida ou reputação de seu dono.

O guardião do Submundo era uma criatura imortal, com olfato super apurado (afinal, tinha mais de uma cabeça canina) e com uma força extraordinária, capaz de estraçalhar qualquer coisa que tivesse o azar de cair em seus dentes e garras!

Morfologia do cão infernal

Cérbero é tipicamente descrito como tendo três cabeças de cães selvagens. Mas também já foi descrito por ser um monstro com 50 cabeças. Como acontece com quase todos os aspectos da mitologia grega, existem várias tradições e pouca concordância, de modo que o cão de Hades é descrito como possuindo algo entre uma e cem cabeças!

Diz-se que ele tinha as garras de um leão, cauda de serpente (às vezes de dragão), e sua juba às vezes é descrita como sendo composta por uma grande massa de serpentes.

Moeda antiga de eletro retratando Cérbero com duas cabeças.
Moeda grega extremamente rara retratando Cérbero (com apenas duas cabeças) de c. 500-450 a.C. É um estáter de eletro da cidade de Cyzicus na região da Mísia. Ele é retratado acima de um atum com um quadrado quadripartido no reverso.

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Família mitológica

Segundo Hesíodo, o monstruoso cão de Hades era o segundo dos quatro filhos de Tifão e Equidna, nascido depois de Orthus, o cão de duas cabeças que guardava o gado de Gerião, mas antes da Hidra de Lerna e, muito possivelmente, da Quimera – todas criaturas de várias cabeças.

Autores posteriores listam muitos outros monstros entre os irmãos de Cérbero, incluindo a Esfinge, o Leão de Nemeia, a Águia Caucasiana e a mãe das Górgonas.

Cérbero símbolo

Se você examinar mais profundamente o simbolismo grego antigo, perceberá um certo equilíbrio de tempo e espaço. Afinal, o cão está posicionado entre o nosso mundo e o Submundo, o lugar de onde não há retorno.

Assim, o cão infernal está no ponto sem retorno, fora dos conceitos de presente, passado e futuro. O significado primário do símbolo de Cérbero, que permaneceu inalterado até hoje, é lealdade e vigilância, força e ferocidade notáveis.

Não importa o quão aterrorizante essa criatura possa ser, ela preserva suas virtudes básicas de lealdade e devoção. São essas qualidades, bem como sua incrível tenacidade, que ele simboliza.

Moeda do imperador romano Caracala que traz Hades e o cão do inferno no reverso.
Moeda do imperador romano Caracala (198-217 d.C.). Anverso: AVK M AYΡ ANTΩNINOC, laureado, busto drapeado à direita. Reverso: YΠ ΦAVCTINIANOY MAΡKIANOΠOΛITΩN, Hades-Serapis (Plutão romano) sentado, Cérbero a seus pés.

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Cérbero, o último dos 12 trabalhos de Hércules

O último — e mais desafiador — dos 12 trabalhos de Hércules (Héracles para os gregos) foi tirar Cérbero do Mundo Inferior e levá-lo até o rei Eristeu (responsável por exigir as tarefas ao herói).

O semideus sabia o quanto Hades amava seu cão feroz e mal-humorado. Hércules pediu permissão a Hades para levar a criatura brevemente e disse-lhe o porquê. Hades concordou que Hércules poderia tentar, desde que ele não usasse armas e não machucasse seu cão.

Sem usar arma alguma, o herói pegou as três cabeças de uma só vez e estrangulou Cérbero até que ele ficasse inconsciente. Ele gentilmente o levou para o rei Eristeu. O cão do inferno começou a recuperar a consciência quando Hércules se aproximou do rei. O rei ficou apavorado com o tamanho e a ferocidade da gigante criatura e correu atrás de seu trono real.

Hércules explicou que precisava devolver o cachorro para Hades imediatamente. O rei Eristeu apareceu de trás de seu trono e rapidamente concordou que Hércules deveria fazer isso. Desse modo, o herói levou Cérbero em segurança para casa.

Áureo do imperador Probo com reverso espetacular do último trabalho de Hércules.
Áureo de ouro do imperador Probo (276-282 d.C.) datado de 278. O espetacular reverso mostra o trabalho final de Hércules. Este é um dos poucos retratos de Cérbero em moedas que mostra as três cabeças caninas; está atacando ferozmente o herói.

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Outros mitos: Enéas, Orfeu e Psiquê

Quando Eurídice morreu, Orfeu foi procurar sua amada no Mundo Inferior. O guardião do Submundo não o deixaria passar, mas Orfeu o encantou com sua música, e o cão, domado além do reconhecimento, deu um passo para o lado.

No mito de Enéas, quando ele visitou o Mundo Inferior, teve a ajuda mais do que necessária da Sibila de Cumas, que jogou a Cérbero um bolo de mel, temperado com poucas “essências sonolentas”. O cão comeu e adormeceu rapidamente.

Já Psiquê, precisou driblar a fera de três cabeças para falar com Perséfone, esposa de Hades. A mando de Afrodite (Vênus romana) a mortal foi buscar uma caixa com a beleza da rainha do mundo dos mortos.

Cérbero na Divina Comédia

Ilustração de Cérbero para a Divina Comédia.
O cão do inferno em ilustração feita para a Divina Comédia (1832-1883) por Gustave Doré.

Além dos mitos antigos, o monstro aparece também no Canto VI (Inferno dos Gulosos) da obra Divina Comédia, do escritor florentino, Dante Alighieri.

Na narrativa, os gulosos ficam solitários na lama e sob uma chuva gelada sem poder beber ou comer de modo livre. Cérbero, provido de um apetite insaciável, os come eternamente. Aqui, essa criatura mitológica simboliza o apetite descontrolado.

O cão do inferno nas moedas antigas gregas e romanas

De modo geral, na numismática clássica, ele aparece com alguma frequência em moedas provinciais romanas, mas raramente em moedas gregas.

Moeda romana de Antonino Pio retratando Hércules e Cérbero no reverso.
Dracma do imperador romano Antonino Pio retratando a lenda de Cérbero. Cunhagem entre 138-161 d.C.

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