Mitrídates VI: as moedas do ‘Rei do Veneno’

Mitrídates VI Eupátor (132-63 a.C.) foi rei do Ponto, reino no norte da Anatólia de 120-63 a.C. Sob sua liderança enérgica, o Ponto se expandiu para absorver vários de seus pequenos vizinhos e, brevemente, contestou a hegemonia da República Romana na Ásia Menor.

Diz-se que esse poderoso rei tinha medo de ser assassinado. Ele entrou para a História com a alcunha de ‘rei do veneno’, pelo hábito que tinha de tomar uma dose de veneno diariamente para acostumar seu corpo e ganhar imunidade. Sua paranoia deu origem a um dos princípios da medicina e às vacinas modernas. Confira tudo abaixo!

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As moedas de Mitrídates VI, rei do Ponto.

Vida de Mitrídates VI

Mitrídates, o Grande, foi o sexto — e último — governante do Reino do Ponto com esse nome. Mitrídates (que significa “presente do deus Mitra”) era um nome comum entre os governantes da Anatólia da época.

Ele era apenas um menino quando sucedeu seu pai, Mitrídates Euergetes, em 120 a.C., e por alguns anos sua mãe governou em seu lugar. Por volta de 115 a.C., ela foi deposta e jogada na prisão por seu filho, que governou sozinho.

Mitrídates começou sua longa carreira de conquistas despachando expedições bem-sucedidas à Península da Crimeia e à Cólquida (na costa leste do Mar Negro). Ambos os distritos foram adicionados ao Reino do Ponto.

Para os gregos da Crimeia, Mitrídates foi um libertador de seus inimigos citas, e eles alegremente entregaram sua independência em troca da proteção dos exércitos. Na Anatólia, no entanto, os domínios reais foram consideravelmente diminuídos após a morte de Mitrídates V: a Paflagônia se libertou e a Frígia (c. 116 a.C.) foi ligada à província romana da Ásia.

Busto do rei do Ponto.
Busto de Mitrídates VI.

O primeiro movimento de Mitrídates foi dividir a Paflagônia e a Galácia entre ele e Nicomedes III da Bitínia, mas depois ele brigou com Nicomedes pela Capadócia. Em duas ocasiões ele foi bem-sucedido no início, mas depois privado de sua vantagem pela intervenção romana (c. 95 e 92 a.C.).

Embora parecendo aquiescer, ele resolveu expulsar os romanos da Ásia! Uma primeira tentativa de depor Nicomedes IV da Bitínia, que era completamente subserviente aos romanos, foi frustrada em 90 a.C. Então Nicomedes, instigado por Roma, atacou o território pôntico, e Mitrídates, após protestar em vão contra os romanos, finalmente declarou guerra em 88 a.C.

Guerras Mitridáticas

Moeda de bronze grega com a égida no anverso e a deusa Nike no reverso.
Moeda de bronze grega de 85-65 a.C. Anverso: égide virada. Reverso: deusa Nike.

Nicomedes e os exércitos romanos foram derrotados e lançados de volta às costas do Propôntida e do Egeu. A província romana da Ásia estava ocupada, e a maioria das cidades gregas no oeste da Ásia Menor aliaram-se a Mitrídates, embora algumas resistissem, como Rodes, que ele sitiou sem sucesso.

Em 88 ele organizou um massacre geral dos residentes romanos e italianos na Ásia (diz-se que 80.000 morreram). Ele também enviou grandes exércitos para a Grécia, onde Atenas e outras cidades ficaram do seu lado. Mas os generais romanos, Sula na Grécia e Fimbria na Ásia, derrotaram suas forças em várias batalhas durante 86 e 85 a.C.

À medida que a guerra se voltava contra ele, sua antiga clemência para com os gregos mudou para severidade. Mas seu reinado de terror não pôde evitar que as cidades desertassem para o lado vitorioso. Em 85, quando a guerra estava claramente perdida, ele fez as pazes com Sula no Tratado de Dárdanos, abandonando suas conquistas, entregando sua frota e pagando uma grande multa.

Deus Ares jovem em moeda antiga.
Moeda do tempo de Mitrídates VI.

⬆️ Acima: anverso e reverso de moeda de Mitrídates, datada de 85-65 a.C. Traz o jovem deus da Guerra, Ares, no anverso. No reverso, mostra espada na bainha.

Na chamada Segunda Guerra Mitridática, o general romano Lúcio Licínio Murena invadiu o Ponto sem provocação em 83, mas foi derrotado em 82. As hostilidades foram suspensas, mas as disputas ocorreram constantemente, e em 74 eclodiu uma guerra geral.

Mitrídates VI derrotou Mário Aurélio Cota, o cônsul romano, em Calcedônia, mas Lúculo o derrotou fora de Cízico (73) e o levou, em 72, a refugiar-se na Armênia. Depois de obter duas grandes vitórias em Tigranocerta (69) e Artaxata (68), Lúculo ficou desconcertado com a derrota de seus tenentes e com o motim entre suas tropas. Em 66, Lúculo foi substituído por Pompeu, que derrotou completamente Mitrídates.

Morte

Mitrídates então se estabeleceu em 64 a.C. no Bósforo Cimério e estava planejando uma invasão da Itália pelo Danúbio quando suas próprias tropas se revoltaram contra ele.

Derrotado e sem alternativas, Mitrídates tentou proteger sua dignidade da forma que se fazia naquela época: se suicidar. De acordo com os historiadores da época, Dião Cássio e Apiano da Alexandria, sua tentativa de se envenenar falhou.

Existem duas versões sobre sua morte. A de Apiano é que Mitrídates, já na casa dos 70 anos, entregou uma espada para um soldado gaulês o matar e que esse foi seu fim. Já Dião Cássio afirmou que o rei do Ponto tentou se matar com a espada e não conseguiu devido à fraqueza da idade avançada. Teve seu fim nas mãos dos rebeldes.

Deus Dioniso em moeda antiga.
Moeda do tempo de Mitrídates VI, cunhada c. 105-90 ou 90-85 a.C. Anverso: deus Dioniso usando coroa de hera. Reverso: Tirso (bastão) encostado na cista mística e envolto em pele de pantera.

O rei do Veneno

Quando tinha apenas 12 anos, Mitrídates viu seu pai ser envenenado durante um jantar luxuoso em Sinope, capital do Reino do Ponto. Alguns historiadores dizem que o assassino nunca foi descoberto, já outros afirmam que a assassina foi Laódice VI, esposa do rei — e mãe de Mitrídates VI.

O jovem rei ficou paranoico e com fobia de ter o mesmo destino de seu pai. Desse modo, diz-se que ele tomava diariamente doses de diferentes tipos de venenos para ganhar imunidade. Ele começou com uma gota e, foi aumentando a quantidade a cada dia, tomando doses sempre crescentes, mas nunca letais, ao longo dos anos. É por isso que, quando ele tentou o suicídio por envenenamento, não obteve sucesso, já que seu corpo tinha ganhado imunidade contra os agentes envenenadores.

A dose diária de veneno de Mitrídates funcionava com o mesmo princípio das vacinas modernas.

Quase 2 mil anos depois, Edward Jenner (1749-1823), um jovem estudante de medicina e cristão devoto, notou que as leiteiras que cuidavam de vacas com varíola bovina não contraíam a varíola humana. Ele pegou fluido de uma bolha de varíola bovina e arranhou a pele de um menino de 8 anos chamado James Phipps. Uma bolha surgiu, formou uma crosta e Phipps não sofreu efeitos posteriores. Cerca de seis semanas depois, em 14 de maio de 1796, Jenner injetou fluido de bolhas de varíola no menino. Nenhuma doença ocorreu.

Isso foi surpreendente para o mundo. Jenner havia desenvolvido a primeira vacina! Desde então, cientistas e médicos seguiram o princípio de Jenner e desenvolveram vacinas para inúmeras outras doenças.

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Moeda antiga que traz o herói Perseu no anverso e o cavalo alado pégaso no reverso.
Moeda de 85-65 a.C., tempo de Mitrídates VI. Anverso: herói grego Perseu em capacete com crista de grifo. Reverso: Pégaso à esquerda.

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