Biblioteca de Alexandria: um dos maiores tesouros da Antiguidade

Durante sete séculos, a Biblioteca de Alexandria se manteve como o maior patrimônio científico e cultural de toda a humanidade. Isso porque, além do vasto acervo de livros e papiros — que, segundo historiadores, era de meio milhão a um milhão de obras! — ela era mais do que uma biblioteca no sentido que conhecemos hoje.

Era um complexo com um instituto de pesquisa, observatório astronômico, zoológico, jardim botânico e até mesmo áreas de descanso. Por isso, muitos estudiosos a consideram como a primeira universidade do mundo!

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Saiba tudo sobre a Biblioteca de Alexandria.

A cidade de Alexandria

Hoje, Alexandria é a segunda maior cidade do Egito, atrás apenas do Cairo. Essa cidade foi fundada ainda no século III a.C. (por volta de 331 a.C.) e se tornou um dos legados mais duradouros de Alexandre, o Grande, o famoso rei macedônio que nomeou a cidade em sua própria homenagem. De forma estratégica, ele colocou a cidade entre o mar Egeu e o lago Mareótis, garantindo um enorme porto natural, que servia tanto ao comércio quanto para a defesa.

Após a morte de Alexandre, Ptolomeu I, o primeiro da grega dinastia Ptolemaica que comandaria o Egito, elevou o país a uma superpotência internacional. É nesse cenário que Alexandria despontou como uma grande capital cultural, competindo com Atenas.

Tetradracma de Ptolomeu II, que mostra Ptolomeu I no anverso.
Tetradracma de Ptolomeu II, cunhado em 285-246 a.C. Anverso: cabeça com diadema de Ptolomeu I. Reverso: águia à esquerda, asas fechadas.

Construção da Biblioteca

A construção da Biblioteca de Alexandria se deu no século III a.C., por volta de 295-280 a.C., sob o governo de Ptolomeu II, mas foi idealizada por seu pai, Ptolomeu I, que havia fundado o Templo das Musas, o Mouseion (que deu origem à nossa palavra “museu”).

O projeto ficou a encargo de Demétrio de Faleros, ex-político e orador grego, que seguia os ensinamentos de Aristóteles. Ele recebeu a incumbência de encontrar nada menos do que todos os livros do mundo; o objetivo era conter na biblioteca um livro de cada um dos povos do mundo conhecido até então!

Desse modo, a Biblioteca de Alexandria era mais do que uma biblioteca no sentido de concentração de livros e publicações. Ela fazia parte de um complexo (com o Mouseion), que tinha a intenção de ser um centro cultural internacional, com instituto de pesquisa, jardim botânico, zoológico, observatório astronômico. Por isso, muitos historiadores a consideram a primeira universidade existente!

Os faraós apoiavam generosamente a biblioteca. Durante o reinado de Cleópatra VII, o acervo contava com cerca de um milhão de papiros com obras de autores de todo o mundo. Além de grandes obras gregas e uma completa coleção de registros egípcios, a biblioteca contava com livros de lugares distantes. Um dos mais exóticos eram tratados sobre zoroastrismo compilados na Pérsia (atual Irã).

Além disso, escritos budistas também estavam disponíveis em Alexandria. E a tradução da Septuaginta, executada gradualmente durante os séculos III e II a.C., só foi possibilitada devido à abundância de material de pesquisa disponível na biblioteca de Alexandria. A Septuaginta sobreviveu como a obra mais valiosa da história da tradução e continua indispensável para todos os estudos bíblicos!

A caça pelos livros

Musa Clio segurando pergaminho.
Representação da Musa Clio, de 430 a.C., que a mostra com papiro semelhante aos do acervo inicial da Biblioteca de Alexandria.

Histórias fabulosas circulavam sobre até onde os Ptolomeus iriam em sua ávida caçada por livros. Um método ao qual eles teriam recorrido era revistar todos os navios que chegavam ao porto de Alexandria. Se um livro fosse encontrado, ele era levado à biblioteca para decisão sobre a devolução ou o confisco e substituição por uma cópia feita no local (com a devida indenização ao proprietário).

Numa das histórias, Ptolomeu III obteve os textos originais dos grandes poetas dramáticos Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Os preciosos textos foram guardados nos arquivos do estado ateniense e não foram autorizados a serem emprestados. No entanto, o rei egípcio persuadiu os governadores de Atenas a permitir que ele os tomasse emprestados para que fossem copiados. A enorme soma de 15 talentos de prata foi depositada em Atenas como penhor de sua restituição segura. Ptolomeu então guardou os originais e devolveu as cópias, renunciando voluntariamente ao penhor!

Esses métodos irregulares de coleta foram complementados pela compra de livros de diferentes lugares, especialmente de Atenas e Rodes, que sustentavam os maiores mercados de livros da época.

Moeda de Ptolomeu III.
Ptolomeu III Evérgeta. AE16 Tetracalcon, cunhado entre 240-222 a.C. Cabeça com diadema de Ptolomeu III à direita, usando égide, no anverso.

Incêndio da Biblioteca de Alexandria

Não há muito consenso entre os estudiosos sobre o incêndio que deu fim à famosa biblioteca e à perda de obras de conhecimento imensurável; e sua ruína é contada através de algumas versões. A que foi aceita por muito tempo é a de que ela teria sido incendiada por ordem do califa ortodoxo Omar, quando o Egito foi conquistado pelos árabes, que mandou destruir todas as fontes não condizentes com o Alcorão.

Além dessa versão, outra que ganhou adeptos é a de que cristãos invadiram a biblioteca e queimaram os livros por não estarem de acordo com seus dogmas. E por fim, ainda há o incêndio provocado por ninguém menos do que o famoso Júlio César, quando este foi atrás de seu inimigo Pompeu Magno no Egito. César teria incendiado navios e o fogo se alastrou destruindo parte do complexo da biblioteca.

Não existem vestígios da antiga biblioteca nem do museu. Entretanto, é possível visitar as ruínas do Templo de Serápis (Serapeu) e parte do acervo que pertencera à Biblioteca de Alexandria. Isso porque, depois do terremoto de 365, que destruiu parte da construção da biblioteca, 40 mil papiros foram transferidos para o Serapeu e parte deles sobrevivem até hoje.

Entre as incontáveis perdas com o fim da biblioteca, estão obras do dramaturgo Sófocles, autor de “Édipo Rei”. Das 123 criadas por ele, hoje só conhecemos sete delas!

Antigo Serapeu de Alexandria.
Ruínas do Serapeu de Alexandria.

Biblioteca de Alexandria atual

Em 2002, o Egito fundou a Bibliotheca Alexandrina (latim para “Biblioteca de Alexandria) com verba da UNESCO e mantido pelo Ministério da Educação egípcio. O moderno projeto, cuja arquitetura lembra o disco solar, fica próximo ao antigo porto e conta com museus, centros de pesquisa e um acervo com obras raríssimas, podendo comportar de 4 a 8 milhões de livros. Ainda assim, sua magnitude e importância para a humanidade não consegue se comparar à da antiga estrutura!

Biblioteca de Alexandria atual.

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